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instagram do peter O sagae

É saber pular de letra em letra, de galos tão diferentes a uma ação inusitada, o galo da Aurora, o galo da Odete, o galo lá de casa, o galo do eletricista. São todos verdadeiros, são todos bem faceiros, sabe? De galo em galo, Paulo Netho (Editora Nós, 2023) nos dá uma diversão e tanto, com gostinho de nosso folclore linguístico, atravessando o trocadilho, às vezes parecendo réplica ou engano, numa rima que escorrega fácil pela língua dando pirueta. E assim igualmente vêm as colagens de Ana Lasevicius. Objetos do cotidiano cantam neste terreiro de imagens que chamamos livro ilustrado, às vezes traduzindo literalmente uma palavra figurada em uma figura mais literal, como a expressão “dormir no ponto”, não ficar para trás, não vacilar, que se mostrará numa fila de galos de esporões e chinelos esperando o ônibus.

O galo do Luizinho
não dorme no ponto
nem dorme sozinho.

E lá vemos a família toda, os olhos arregalados, o corpo travesseiro. E muitos outros olhos redondos vão pintando pelas páginas, entre danças de jongo, frevo, valsa, malabarismo, filme de terror, piano, tamborim, todo dia de cantoria e um vocabulário que se estende daqui a novos galinheiros.

O galo do João
tudo ele pergunta,
e tome explicação.

Eu gostei e essa postagem vai a galope,
como um galo correndo a cavalo!